Lira dita as regras do jogo do novo regime "semipresidencialista"

Arthur Lira não é bobo e sabe que Lula não pode repetir os erros do passado que o levaram à prisão e elegeram Bolsonaro presidente. Ao comandar a poderosa Câmara dos Deputados, Lira é quem dita as regras do jogo nesse novo regime semipresidencialista de governo. 

Tirando o PT e seus partidos satélites, Arthur Lira transformou a Câmara dos Deputados em um super Centrão, com votos suficientes para aprovar ou rejeitar o que quiser. Lula sabe disso, e enquanto bate cabeça com seus ministros, Lira consolida sua liderança inconteste. 

Seu projeto de poder é se eleger senador em 2026, mas antes precisa fazer vários prefeitos e o governador de Alagoas em 2024 para assumir o comando político do estado. Mas tem uma pedra em seu caminho, o senador Renan Calheiros, que tem reeleição garantida e não abrirá mão do cargo de cacique-mor de Alagoas, com o ministro Renan Filho na retaguarda. 

Sem votos suficientes para garantir as reformas que o país precisa, Lula não governará se não entregar ao Centrão os anéis e o resto dos dedos, o que significa não apenas cargos no ministério e o comando de empresas estatais, mas, sobretudo, uma boa fatia do orçamento nacional. 

O mandato de Arthur Lira na presidência da Câmara expira no final de 2024, coincidindo com as eleições municipais. Mas não será surpresa se o deputado virar ministro de Lula em 2025 para azeitar sua candidatura ao Senado.

Difícil é saber quem irá se aliar a quem na política local nas eleições do próximo ano. Hoje, a única certeza é a candidatura do prefeito JHC, que está nadando de braçadas em busca da reeleição. E sem adversário à altura.